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A Mancha Negra do Racismo

 

Por Leonardo Andrade

O final do mês de Maio e Julho foram marcados por episódios grotescos envolvendo o racismo. Apesar de ser aprovado em quase todos os estados americanos apena de morte, um homem negro foi sentenciado e morto diante de todos ao vivo pela televisão. Os protagonistas do vídeo que repercutiu o mundo foram um ex-segurança chamado de George Floyd, que tinha 40 anos. Já o outro personagem, chama-se Derek Chauvin, 44 anos, é um veterano de 19 anos do Departamento de Polícia de Minneapolis. Em meio a uma grande pandemia onde milhares de pessoas estão morrendo por doenças que afetam o pulmão e áreas afins, um homem negro morreu de falta de ar, mas não foi por COVID 19 e sim, pela ação de um homem cruel.

Ainda ecoa em todo o mundo as últimas palavras de Floyd, quando torturado pelo policial americano, sufocando-o, ajoelhado sobre seu pescoço dizia: “eu não consigo respirar”. O vírus do COVID 19, que leva cerca de duas ou três semanas para alcançar seu ápice de evolução da doença, tem menos eficácia que Derek Chauvim, que em menos de 24 h assassinou uma pessoa. Desde já temo que salientar que a culpa não deve recair sobre a classe dos policiais, que sua totalidade tem homens de bem e íntegros que agem em prol da segurança da sociedade. A ação deste homem é um caso a parte e que não reflete o pensamento e o caráter dos policiais em toda a parte do mundo.

A morte de George Floyd marcou o início de uma série de protestos no mundo inteiro e acendeu um debate antigo sobre o racismo. Desde os primórdios dos tempos o racismo tem sido motivo de mortes e debates. A ideia de que uma cor é melhor e mais soberana, não deveria, mas ainda causa grandes controvérsias entre a população mundial.

O histórico de racismo e a luta negra pela igualdade nos EUA não é de agora, isso vem de longos e longos anos. Temos o exemplo da história do pastor americano Martin Luther King Jr. (1929 – 1968), natural de Atlanta, Estados Unidos. Luther King se destacou pela sua atuação como estadista e líder do movimento negro nos Estados Unidos. A luta de Martin Luther King foi interrompida no dia 04/04 de 1968 na cidade de Memphis. Após a morte de King, uma série de manifestações em prol dos direitos negros se espalhou por todos os lugares.

Ainda, citando um outro exemplo de luta pela causa, podemos citar Nelson Mandela (1918-2013). Destacou-se pela sua atuação na luta contra a segregação racial na África do Sul. Foi preso em 1964, condenado a prisão perpétua, mas por pressão mundial, foi solto em 1990. Após 26 anos privado de sua liberdade, Nelson Mandela, no jantar de sua celebração por sua liberdade reservou em sua mesa lugares para os agentes prisionais, para fazer a refeição juntos. Segundo ele, eles deveriam vê-lo como “ser humano livre!”.

Mas onde nasce o problema? A raiz desta onda nefasta de racismo são ações equivocadas. Um exemplo disso, ocorre aqui no Brasil, desde 13 de maio de 1888, após a exposição da Lei Aurea, assinada pela princesa Isabel, libertando os negros do Brasil, alguns vivem como se ainda fossem escravos. A desigualdade emerge no ambiente onde o povo negro é desqualificado intelectualmente. Isso se deve, pelo fato de que eles são considerados pela “elite” como desprovidos e para equiparar essa perda liberam as “esmolas” sórdidas denominadas de “cotas”. O ruim disso tudo é que aceitando esse tipo de coisa, o povo negro está se encaixando nesta caixa racista e entrando no rol dos menos favorecidos.

Mas, menos favorecidos de quê? Citamos exemplos como Luther King e Mandela, mas aqui no Brasil temos vários outros exemplos como o ex-ministro Joaquim Barbosa, que não necessitou de cotas para atingir o ápice da carreira. Enfrentando tudo e todos, de pele negra, mas de corpo e alma sã e objetivos claros, pautados no caráter e na ética conservadora. A pele não pode e nem deve ser um impedimento para ninguém chegar a um objetivo. Aliás, Deus quando fez essa divisão entre seres de cor escura e seres de cor clara, foi apenas para uma adaptação. A pele escura é para sobreviver em regiões mais quentes, tal qual também o cabelo crespo, chamado em tupyniquim de “pixaim”. É uma camada de 3 a 4 centímetros de cabelo “enrolado” que impedem o sol de “fritar” o cérebro. Tudo isso, é uma manobra divina para igualar o homem, seja ele de cor negra ou branca, tanto faz, o que interessa é ser humano.

A para mostrar o lado humano, independente da cor, que há entre nós, devemos lutar contra nós mesmos. Mas em pleno século XXI não é necessária uma luta de uma vida toda contra um sistema como fez Martin L. King Jr. e Nelson Mandela, e sim, a morte de um anônimo para causar um frenesi no mundo. Milhares de pessoas no mundo estão protestando contra o racismo. Pessoas em toda parte ainda clamam: deixe-me respirar!

 

Leonardo Andrade é escritor Teólogo, Filósofo e Historiador. Pós graduado em Ensino Religioso, Ética e Filosofia e História e Cultura Afro-Brasileira. Especialista em línguas semíticas e cultura, Costumes e tradições da Bíblia

Canal do Leonardo Andrade no YouTube:

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